Good night, guys!
I am aware we’re
not supposed post works in Portuguese, but I couldn’t wait to share something with
you soon. This was first written for a Journalism project. Hope you like it!
The
following story is based on true events:
As
Pontas do Triângulo
Sara mora em uma casa ótima. Está longe de
ser uma mansão, mas é bem decorada. Aliás, já é grande coisa em comparação com
a casa de Paola, que mal tem um quintal. O pior é que o piso do tal quintal é
de lajotas, e fica muito difícil andar de patinete sobre um piso assim. Elena também
tinha um patinete, e, na casa antiga, o que mais gostava era descer com ele
pela rampa. A nova não tem rampa, mas compensação tem três andares e um quarto
só para ela. As três são primas. Se amam, se dão bem e fazem tudo o que podem
juntas. E o que podem fazer todas juntas é muito pouco. Por motivos de força
maior, a família de Paola mora em outra cidade. Assim, ela é obrigada a
suportar quase o ano inteiro longe de duas das pessoas que mais ama no mundo
inteiro.
Todo fim de férias é a mesma coisa: ela chora
enquanto o carro dirige para longe, mas, meses depois, volta. Com o maior dos
sorrisos e dois abraços carregados de saudades. Por semanas, as três brincam e
riem juntas, pois a idéia da separação iminente voa longe de suas mentes. Um
dia, Paola recebe uma notícia maravilhosa: sua família vai passar a morar na
mesma cidade que Elena e Sara. A felicidade é grande, e ela comemora com gosto,
sem saber que o que mais separa as pessoas de seus entes queridos não são
empregos em outras cidades ou cursos no exterior. São as próprias pessoas. Ou,
pior, outras pessoas. E o que a gente
pensa ser eterno e maravilhoso na infância, dificilmente continua o mesmo na
vidada adulta.
Por alguns anos, tudo parece perfeito. As
três primas crescem mantendo a mesma amizade de antes. Claro, Elena é dois anos
mais velha do que Paola, que por sua vez é quatro anos mais velha do que Sara. Uma
ou outra vez, é quase como se nem falassem mais a mesma língua, mas isso não as
preocupa. Não vão ser os anos de diferença, pensam elas, que vão separá-las. Nada vai separá-las. É, sobre uma parte,
pelo menos, elas definitivamente acertaram. Começou gradativamente. As mães de
Sara e Elena, que eram irmãs, brigaram; por algo bem bobo, para falar a
verdade. E o problema só piorou a partir daí, crescendo como uma bola de neve.
De repente, não havia mais almoços de
família, nem passeios juntos, nem nada. Falar o nome de uma na presença de
outra? Impensável. E a mãe de Paola, que não tinha nada a ver com o conflito,
ficava no fogo cruzado. Sem tomar partido, mas também sem saber o que fazer
para amenizar a situação. Já Paola mal podia acreditar no que estava
acontecendo. Toda a amizade que ela, Sara e Elena partilharam. Todos os planos,
as memórias, os sonhos; desapareceram como se nunca tivessem existido. Mais de
cinco anos da mesma situação e da mesma dor e ela não agüentou mais. Resolveu
acabar com tudo aquilo. Esperou uma chance em que estaria sozinha em casa, colocou o monte de pílulas na boca, bebeu o copo de água até o final, engoliu, deitou
na cama e esperou tudo passar.
Porque se sua família era seu mundo, e este
mundo estava se despedaçando diante dos seus olhos... bem, o que lhe restava
afinal?